terça-feira, 17 de setembro de 2013

RESENHAS: MEGAMENTE


MEGAMENTE - MEGAMIND
Ação, Aventura
EUA - 2010
Dir: Tom Mc Grath
Com Will Ferrel, Jonah Hill, Brad Pitt, Tina Fey

Dois seres alienígenas escapam ainda bebês da destruição de seus respectivos mundos, vindo cair na terra.
O problema é que enquanto um deles é adotado por magnatas numa mansão, e tudo dá certo para ele, virando o herói da cidade, o outro teve o azar de cair numa prisão, e cresceu um odiado supervilão.
Seu ódio pelo herói-escoteiro só aumenta, já que ainda por cima é apaixonado pela bela repórter, sempre salva de suas mãos pelo gostosão voador.
Mas uma surpresa aguarda a todos. Uma não, duas...

-x-

Megamente é uma animação de heróis das melhores que já vi! Está quase à altura do fabuloso OS INCRÍVEIS, e isso não é dizer pouco.

Divertidíssimo do início ao fim, a trama vai ficando melhor e melhor, sem cair na mesmice e sempre surpreendendo.

Morri de rir várias vezes, pois as tiradas de diversos personagens foram bem trabalhadas pela equipe de roteiristas, que fizeram bem o dever de casa.

Mesmo que não se aproveitasse a história, o desenho é repleto de ação, e das boas! É combate de superseres pra lá, ataque e destruição da cidade para cá. Muita correria e cenas hilárias formam o conjunto nota dez dessa joia da animação.

Como não uso notas fracionadas, não posso dar 9.5, então arredondarei para cima, igualando-o com os grandes.
Por ser tão divertido, cumprindo todo o papel possível para uma obra de entretenimento, o filme merece. 

Que venha o MEGAMENTE 2!

Nota 10

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RESENHA: LIVRO O GENE EGOISTA - RICHARD DAWKINS


O GENE EGOÍSTA - THE SELFISH GENE
Richard Dawkins - 1976

SINOPSE:
É um livro sobre ciências biológicas, em termos simples, para aquela pessoa intrigada com assuntos sobre evolução e comportamento.

O autor vai ao âmago da questão de maneira clara e sem rodeios, e com propriedade nos brinda com horas de leitura deliciosa, e extremamente instrutiva.


(Início do prólogo pelo fundador da Sociobiologia, Robert Trivers)
"O chimpanzé e os seres humanos compartilham cerca de 99,5 por cento de sua história evolutiva, no entanto a maioria dos pensadores humanos considera o chimpanzé uma excentricidade malformada e irrelevante, enquanto se vêem a si próprios como degraus para o Todo-poderoso"


(Richard Dawkins)

"Somos máquinas de sobrevivência – veículos robô programados cegamente para preservar as moléculas egoístas conhecidas como genes. Esta é uma verdade que ainda me enche de surpresa. Embora a conheça há anos, parece que nunca me acostumo completamente a ela. Um de meus desejos é ter algum sucesso em surpreender a outros"

Logo de início, Dawkins dá o tom de seu livro, dizendo que o escreveu tendo em mente três leitores imaginários sobre seu ombro: O leigo, o especialista e o estudante


"A Filosofia e as matérias conhecidas como "Humanidades" ainda são ensinadas quase como se Darwin
nunca houvesse existido. Sem dúvida, isto mudará com o tempo. De qualquer forma, este livro não pretende ser uma defesa geral do darwinismo. Em vez disto, ele explorará as conseqüências da teoria da evolução para uma questão específica. Meu propósito é examinar a biologia do egoísmo e do altruísmo."

"Não estou defendendo uma moralidade baseada na evolução. Estou dizendo como as coisas evoluíram."


"Minha própria impressão é que seria muito desagradável viver em uma sociedade humana baseada simplesmente na lei do gene de egoísmo implacável universal. Mas, infelizmente, não importa o quanto deploremos algo, este algo não deixa de ser verdadeiro"


"...se você desejar, como eu o desejo, construir uma sociedade na qual os indivíduos cooperem generosa e desinteressadamente para um bem comum, você poderá esperar pouca ajuda da natureza biológica..."


"...Tentemos ensinar generosidade e altruísmo, porque nascemos egoístas. Compreendamos o que nossos próprios genes egoístas tramam, porque assim, pelo menos, poderemos ter a chance de frustrar seus intentos, uma coisa que nenhuma outra espécie jamais aspirou fazer...."


"Em geral, os machos deveriam ter a tendência a serem mais promíscuos do que as fêmeas. Como a fêmea produz um número limitado de óvulos a uma velocidade relativamente baixa, ela tem pouco a ganhar em ter um grande número de copulações com machos diferentes. O macho, por outro lado, que pode produzir milhões de espermatozoides por dia, tem muito a ganharem ter tantos acasalamentos promíscuos quanto possa conseguir. Copulações em excesso poderão não custar muito, realmente, a uma fêmea, além de um pouco de tempo e energia desperdiçadas, mas não lhe dão nenhum benefício positivo.

Um macho, por outro lado, nunca terá tido copulações em número suficiente, sempre deverá procurar o maior número possível de fêmeas diferentes: a palavra excesso não tem significado para um macho."

"...A noção de fêmeas adiarem a copulação até que um macho mostre alguma evidência de fidelidade a longo prazo poderá soar familiar..."


"Quando uma mulher é descrita em uma conversa, provavelmente sua atratividade sexual, ou ausência dela, será proeminentemente mencionada; isto se dá seja o interlocutor um homem ou uma mulher. Quando um homem é descrito, os adjetivos usados provavelmente nada terão a ver com sexo."


"O que, afinal de contas, é tão especial a respeito dos genes? A resposta é que eles são replicadores"



Está dado o tom do livro. Com essas passagens do prólogo e do capítulo 1, podemos ver qual o grau de alcance das idéias, qual o grau de profundidade e poder de assuntos seminais como biologia, criação e evolução.

Dawkins cuidadosamente inicia se explicando, como que pedindo licença para invadir mentes conservadoras de incautos. Ele realmente não quer ser arrogante nem assustar ninguém. Bem diferente do estilo de seu futuro livro DEUS UM DELÍRIO, quando parece já não ter mais tanta paciência com a má vontade humana para aceitar algo tão básico.

Daí em diante, ele discorre sobre quem foram os REPLICADORES, sobre a "sobrevivência do mais apto", que ficaria melhor, como ele mesmo diz "sobrevivência do estável".

Entra em detalhes sobre as primeiras moléculas a se copiar, sobre os erros ao replicarem-se no caldo primitivo, a competição por elementos nutritivos, a formação da primeira célula, o início da seleção natural cumulativa, enfim a história do gene, do DNA. E por aí vai... sempre muito didático.

Lições importantes para todos os seres que querem entender o processo da evolução, o mais importante de nossas vidas. Quem não seria curioso? Como pode alguém não se interessar?

Idéias como "Fundo de Genes", "Comportamento Altruísta", "Máquina Gênica", "Investimento Parental", vão se clarificando em nossas mentes leigas, deixando tudo menos complexo.

Dawkins usa inúmeros exemplos comuns para explicar idéias aparentemente rebuscadas, mas que afinal são até fáceis de assimilar, tornando cada capítulo mais interessante que o outro.

É maravilhoso como diversos elementos da natureza que não entendíamos, passam logo a serem compreendidos, seja no mundo animal ou no nosso mundo social. Nunca mais olharemos a vida ao redor da mesma maneira...

Pelo menos comigo, reforçou em mim a atitude contemplativa, despertando ou acentuando sensibilidades sutis, que antes passavam despercebidas ao observar o mundo. Dá a maior vontade de escrever, traduzir tudo em música, sei lá! É a ciência estimulando os sentimentos, gerando poesia!


No capítulo 11, Dawkins introduz seu famoso conceito de MEME:

"...A transmissão cultural é análoga à transmissão genética no sentido de que embora seja basicamente conservadora, pode originar um tipo de evolução"


"O gene, a molécula de DNA, por acaso é a entidade replicadora mais comum em nosso planeta. Poderá haver outras. Se houver, desde que certas outras condições sejam satisfeitas, elas quase inevitavelmente tenderão a tornarem-se a base de um processo evolutivo"


"Mas temos que ir para mundos distantes a fim de encontrar outros tipos de replicadores e outros tipos resultantes de evolução? Acho que um novo tipo de replicador recentemente surgiu neste próprio planeta. Ele está nos encarando de frente. Ainda está em sua infância, vagueando desajeitadamente num caldo primordial, mas já está conseguindo uma mudança evolutiva a uma velocidade que deixa o velho gene muito atrás."


"O novo caldo é o caldo da cultura humana. Precisamos de um nome para o novo replicador, um substantivo que transmita a idéia de uma unidade de transmissão cultural, ou uma unidade de imitação. "Mimeme" provém de uma raiz grega adequada, mas quero um monossílabo que soe um pouco como "gene". Espero que meus amigos helenistas me perdoem se eu abreviar mimeme para meme. Se servir como consolo, pode-se, alternativamente, pensar que a palavra está relacionada a "memória", ou à palavra francesa même."


"Exemplos de memes são melodias, idéias, "slogans", modas do vestuário, maneiras de fazer potes ou de construir arcos. Da mesma forma como os genes se propagam no "fundo" pulando de corpo para corpo através dos espermatozoides ou dos óvulos, da mesma maneira os memes propagam-se no "fundo" de memes pulando de cérebro para cérebro por meio de um processo que pode ser chamado, no sentido amplo, de imitação"


"Quando você planta um meme fértil em minha mente, você literalmente parasita meu cérebro, transformando-o num veículo para a propagação do meme, exatamente como um vírus pode parasitar o mecanismo genético de uma célula hospedeira"


"Considere a ideia de Deus. Não sabemos como ela se originou no "fundo" de memes. Provavelmente originou-se muitas vezes por "mutação" independente. De qualquer forma, ela é realmente muito antiga. Como se replica? Pela palavra escrita e falada, auxiliada por música e arte estupendas."


"...se você contribui para a cultura mundial, se você tem uma boa ideia  compõe uma melodia, inventa uma vela de ignição ou escreve um poema, a ideia poderá sobreviver, intacta, muito tempo após seus genes terem se dissolvido no "fundo" comum. Sócrates poderá ter ou não genes vivos no mundo hoje, como G. C. Williams observou, mas quem se importa com isso? Os complexos de memes de Sócrates, Leonardo, Copérnico e Marconi ainda prosperam."


"...Somos construídos como máquinas gênicas e cultivados como máquinas mêmicas..."


Mas para mim, a frase mais marcante de todo o livro, a que causa mais impacto é:

"Talvez a consciência se origine quando a simulação que o cérebro faz do mundo se toma tão completa que precisa incluir um modelo de si mesma"

Leiam o livro! Na verdade, o assunto "pede" para ser lido em outros ótimos livros de Dawkins, como "O RELOJOEIRO CEGO" e "O RIO QUE SAIA DO ÉDEN", todos best-sellers mundiais.